terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Diário de um Psicólogo #5

Trabalho com idosos há algum tempo e definitivamente tem se tornado uma das experiências mais gratificantes que tive até hoje, pois ao me relacionar com eles sinto-me doando algumas coisas que as pessoas mais jovens não atribuem muito valor, talvez por terem em demasia, acho que a vida, assim como o mercado, segue as leis da oferta e da procura, o valioso de alguém geralmente o é por sua escassez, se o ouro não fosse raro, nós o teríamos em panelas e não em cofres, acredito que essa seja a origem da fatídica sensação de não achar que deu valor o suficiente para algo até perde-lo.

Ao me relacionar com pessoas que estão vivenciando os seus últimos momentos, pego-me constantemente a questionar o significado do que fazemos, coisas banais como assistir televisão e dormir sem hora para acordar, até coisas importantes, como alguns relacionamentos importantes repletos de compromissos com aqueles que amo, entretanto na maiorias das vezes encontro-me num beco existencial, onde o sentido da maior parte das coisas que faço se esvai.

O hábito reina! O problema não é necessariamente o habito, mas aquilo que faço simplesmente por fazer, sem refletir e muitas vezes sem consciência do querer, consome meu tempo, tempo que é valioso e a cada segundo mais raro, fico indignado com o hábito de desperdiçar o tempo que nos resta com coisas que simplesmente são atitudes mecânicas com pouco ou nenhum significado.

Quer saber quais são alguns desses hábitos?
Chegar em casa e imediatamente ligar a televisão ou o computador.

Abrir o Facebook constantemente para verificar as atualizações. (Celular, Computador, Trablet...) 

Fazer os mesmos caminhos, ignorando a possibilidade de novos e mais belos trajetos até o trabalho, casa, faculdade e até mesmo a padaria.

Ouvir, ler ou assistir algo desagradável com a desculpa de que não tem algo melhor.

Beber e Fumar...

Dentre muitos outros que se apresentam nas mais diversas situações e intensidades, mas o que realmente importa é que são realizados de maneira quase que involuntária, inconsciente e irrefletida, com dois resultados inevitáveis.

Primeiro: Somos parte da influência do meio, assim como somos influenciados por ele, portanto ao realizarmos atividades de maneira automática e irrefletida estamos contribuindo para os que compartilham do mesmo meio que nós sejam influenciados a fazerem o que fazemos.

Segundo: A intensidade e a frequência do comportamento habitual em questão o faz intensificar-se, quanto mais se bebe, assisti televisão ou verifica-se atualizações no Facebook, maior é a tendencia de se passar a fazer isso com mais intensidade e frequência, desta forma aprisionando-se numa espécie de gaiola sem grades construída por você mesmo pouco a pouco.

Portanto qual é o valor que você confere a sua própria vida? O que seu tempo limitado sob a terra significa para você? Quais hábitos o encarceram e o impedem de viver uma vida livre e plena de sentido?

Esta são perguntas que infestam meus pensamentos e inquietam-me de maneira sem igual.

O melhor momento para se fazer algo em relação a um hábito que te engaiola é agora, pois este é, sem dúvida, o maior presente que o Senhor do Tempo nos deu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário