sábado, 11 de janeiro de 2014

Verdade, Omissão e Mentira - Parte #1

Para começar eu gostaria que imaginassem uma situação onde você tivesse que tomar uma atitude frente a um questionamento ou postura e para isto houvessem três opções, sendo elas: a verdade, a mentira e a omissão, agora me proporei a simplesmente refletir sobre as possíveis motivações e consequências dessas três opções.

Mentira: Durante muito tempo fui fascinado pela mentira, em especial pela tamanha astúcia e habilidade do mentiroso para realizar a façanha de tornar real aquilo que nem sequer chegou a existir, mas comecei a notar que essas pessoas contavam dois tipos de mentiras, as brancas ou sociais, que servem para que mantenhamos a coesão social no dia a dia e as mentiras elaboradas com a intenção de se enganar, ludibriar, mas em ultima instância de se proteger de algo real ou não que ele tema, entretanto o maior problema da mentira é a criação de continuidades alternativas para as histórias, que as vezes o próprio mentiroso passa a confundir com a realidade e isso pesa um bocado, todos aqueles que mentiram, ao menos uma vez, já sentiram o distinto peso de ser obrigado a continuar a mentir para não cair em contradição, fatidicamente os resultados raramente são satisfatórios e por favor, não entendam isso como um julgamento moral, são apenas resultados de observações esparsas e experiência própria. 

A mentira geralmente é provocada pelo instinto de auto-preservação que possuímos ou pelo medo de perder algo que deverás gostamos, resgate na memória algumas das mentiras que já contou e agora me diga, a maioria se encaixa ou não nestas categorias?

Caso elas se encaixem eu tenho apenas mais uma pergunta, as mentiras que você contou quando era criança ou adolescente tem algum tipo de peso sobre a pessoa que você é hoje? Será que hoje você mentiria para sua esposa, namorada ou pais, sobre ter chegado atrasado ao trabalho, assim como você, provavelmente, mentia sobre seus atrasos na escola ou ainda hoje quando quebra um copo ou prato você nega veementemente isto?

Provavelmente, hoje em dia, estas situações não lhe causem temor ou a sensação de uma iminente perda de algo importante, como um brinquedo favorito ou o vídeo-game, hoje você diria a verdade simplesmente, mas talvez não agiria dessa forma em situações atuais como o término de um relacionamento ou a justificativa de falta que dá ao seu chefe, pois estas situações lhe causam medo e a sensação de iminente perda de algo importante para você, desta forma pessoas que se conhecem pouco e refletem pouco sobre o mundo que as cercão tem maior probabilidade de mentirem do que as que investem em auto-conhecimento e refletem sobre o mundo de maneira efetiva?

É provável, entretanto em última instância não se pode esquecer o aspecto necessário da mentira, por exemplo, levando-se em conta o aspecto moral da mentira, que é tida como pecado pela religião e em muitas famílias é severamente punida, nós podemos observar pessoas que geralmente abrem mão de mentirem em situações nas quais não dispõem de outras ferramentas para lidar com a situação, acabam entrando em grande sofrimento e vivenciando o mundo como um lugar amedrontador.

A mentira no desenvolvimento do ser humano possui um lugar inquestionável, não a acho desnecessária, apenas acredito que ela possa ser substituída por outras formas de resposta mais adequadas conforme nos desenvolvemos e evoluímos, o problema é que acaba-se achando que a mentira é algo necessário, mesmo depois que ela já não é mais e acabamos por mante-la por mais tempo do que realmente precisamos. 

Este é um tema bastante complexo e obviamente não fui capaz de cobrir uma grande extensão dele, mas não pretendia ir além do que suscitar a boa e velha reflexão sobre um tema que as vezes enxergamos de uma maneira tão desgastada que pode ser que valha a pena dar-lhe novas roupagens. 

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